ilTema de músicas de estilos variados, título de livro, nome de dupla sertaneja e percurso de maratona. Brasileiro que é brasileiro já ouviu várias vezes ao longo da vida a expressão “do Oiapoque ao Chuí”, que pode significar abrangência nacional, diversidade cultural e até exagero.
Tratava-se de uma referência a dois extremos territoriais do país, no norte e no sul respectivamente. Tratava-se, e não se trata mais, porque há 14 anos uma expedição oficial provou que o ponto geográfico mais setentrional do Brasil não é o Monte Orange (na cidade de Oiapoque, Estado do Amapá). Seria o Monte Caburaí, em Roraima, ou talvez a nascente do rio Uailã, no mesmo Estado. Até hoje a definição ainda é alvo de polêmica.
Ou seja, ao pé da letra, a expressão “do Oiapoque ao Chuí” não corresponde exatamente à realidade. Mas isso não diminuiu nossa curiosidade sobre as duas cidades e resolvemos conferir o que é que, afinal, acontece nesses dois ex-extremos do Brasil.
Saiba mais sobre Oiapoque
Localização: cidade no norte do Estado do Amapá, a cerca de 600 km da capital, Macapá. Faz fronteira com a Guiana Francesa.
População: Em torno de 21 mil habitantes
Breve história: A cidade originou-se da morada de um mestiço, Emile Martinique, e, por isso, chamava-se inicialmente Martinica. Pouco tempo depois, o governo federal criou um ponto militar, para onde vários presos políticos foram enviados. Alguns anos mais tarde, o ponto foi transferido e em 1945 o município de Oiapoque foi criado.
Curiosidades: Por conta da divisa com a Guiana Francesa, território que pertence à França, brasileiros e franceses convivem juntos na cidade, aprendendo a língua alheia e, inclusive, criando um novo jeito de se comunicar, juntando os dois idiomas. A cidade possui um aeroporto. Tribos indígenas também vivem no Vale do Rio Uaçá e sua reunião anual é um dos principais atrativos culturais da cidade: a festa do Turé. O artesanato indígena também merece destaque. Ao visitar Oiapoque, você perceberá o trânsito intenso de “catraias”, um tipo de canoa que transporta passageiros (foto que ilustra este texto). A cidade também possui atrações naturais com vegetação densa e oferece passeios pelo rio Oiapoque e suas cachoeiras. A festa religiosa da padroeira do município, Nossa Senhora das Graças, atrai moradores da região.
Saiba mais sobre Chuí
Localização: cidade ao sul do Estado do Rio Grande do Sul, a cerca de 520 Km da capital, Porto Alegre. Faz divisa com o Uruguai.
População: Aproximadamente 6 mil habitantes
Breve história: Com a chegada dos portugueses, a cidade sediou em meados do século XVIII de um posto dos colonizadores no Morro de São Miguel. Em 1763, o território foi ocupado por tropas espanholas e, apenas alguns anos depois o Tratado de Santo Ildefonso resolveu o conflito com os portugueses, instituindo uma área neutra, que englobava o Arroio Chuí, que não deveria ser ocupada para evitar os confrontos entres os colonizadores ibéricos. Entretanto, com a criação das capitanias hereditárias, foram concedidas sesmarias a oficiais do exército português nessa região. Vieram a Independência do Brasil, a Guerra da Cisplatina e a Independência do Uruguai e a situação das fronteiras entre os dois países seguia confusa. A solução definitiva veio apenas em 1851 após o tratado de limites celebrado entre as nações, em que o Uruguai concordou em ceder ao Brasil a área anteriormente determinada como neutra durante a colonização. Em 1997, Chuí foi emancipado do município de Santa Vitória do Palmar.
Curiosidades: Por conta de sua localização ao extremo sul do país, Chuí possui o menor índice ultra violeta (radiação emitida pelo Sol e nociva, principalmente, à pele humana) do Brasil e também possui a praia mais fria, a Barra do Chuí, que é um prolongamento da praia de Cassino, a maior do mundo. A principal atividade econômica da cidade é o comércio de fronteira com o Uruguai. A Avenida Internacional separa a cidade de Chui, brasileira, e Chuy, uruguaia e consequentemente é um trecho da fronteira entre os dois países.
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