Sakuras- Japão |
Talvez haja uma carta, ou um livro, ou um poema.
Quando menos há a necessidade de sentir-me doméstica.
Eis o que significa todos termos um endereço:
não é para que os outros nos achem,
mas para que nós nos achemos.
Recuperada a tranquilidade do silêncio que nada turba,
porque os ruídos familiares nem mais ruído são
(tic-tac de relógio que um crocodilo manso engoliu).
Recuperada a unidade de lugar e a unidade de posses:
meus livros, meus discos, meus. . .
Ontem nada me pertencia, na rua,
sob o influxo da noite profunda.
Mas é que agora estou a caminho da casa.
Dessa coisa que faz dos marinheiros seres humanos.
(Renata Pallottini)